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    Cem anos de animação: a ligação da Disney com o Brasil rendeu bons filmes, um personagem icônico e muita música

    Fernando Krieger

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    “O cinema pode fazer-nos ainda melhores amigos do que já o somos – e não vejo por que o desenho animado deixe de participar dessa missão. O Brasil empolga os meus patrícios neste momento. Suas músicas já se distinguem das cubanas, das argentinas, das mexicanas. Sei que se fizeram confusões entre o samba e a rumba mas garanto-lhe que isso não acontecerá mais”.

    Foi durante o voo entre Belém do Pará – sua primeira escala em terras brasileiras – e o Rio de Janeiro, então capital federal, que Walter Elias Disney (1901-1966), o gênio genioso, temperamental, controverso e revolucionário que ajudou a criar um mundo bem melhor, todo feito pra vocês (contém ironia), disse as palavras acima. Quem as anotou foi Celestino Silveira, diretor do Cine-Radio Jornal, em cuja edição de 20/08/1941 saiu publicada, em duas páginas, a conversa que ele teve com Disney no avião. O famoso produtor de desenhos animados viera ao Brasil – na versão oficial da história – para o lançamento de “Fantasia” (1940), seu terceiro longa-metragem. Mas sua relação com nosso país já vinha de muito antes.

    “(...) Disney me havia dito que sua viagem de agora, ao Brasil, estava idealizada desde quando, há mais de um lustro [obs: período de cinco anos], recebeu a lembrança dos intelectuais cariocas, reproduzida numa escultura de Alfredo Herculano”, contou Celestino Silveira na mesma reportagem. Naquela ocasião, quase sete anos antes, o exibidor cinematográfico Marcondes Júnior foi aos Estados Unidos entregar a Disney, por intermédio de Gilberto Souto – “único jornalista brasileiro em Hollywood” naqueles tempos, segundo o próprio –, a tal estatueta de bronze, que mostrava Mickey montado num jabuti.

    A matéria escrita por Gilberto Souto, publicada na Cinearte de 15/11/1934, trazia a foto de Disney segurando o objeto. Muito agradecido, ele disse com bom humor: “Agora, temos que trabalhar de verdade para poder guardar esse presente conosco... Se fracassarmos, os brasileiros terão direito a vir reclamar o bronze!”. Segundo Souto, o artista elogiou ainda a perfeição da estatueta e exaltou “o talento do nosso escultor”.

    Walt Disney já era então um produtor famoso. Em 16 de outubro de 1923, fundara, em Los Angeles, a empresa Disney Brothers Cartoon Studios – The Walt Disney Studio a partir de 1926 – junto com Roy Oliver Disney (1893-1971), o empreendedor da dupla, que tornaria realidade os sonhos do irmão Walter. Em 1928, este criou um personagem icônico, Mickey Mouse, que fez sua estreia num curta-metragem em novembro daquele ano. No Brasil, suas primeiras aventuras em quadrinhos apareceram na revista Tico-Tico a partir de 26/03/1930, apenas dois meses depois do início de sua publicação nos jornais estadunidenses. Por aqui ele recebeu o nome de Ratinho Curioso, que perdurou até a edição de 21/11/1934; a partir do número seguinte (28/11), ele seria enfim chamado de camondongo Mickey – na grafia da imprensa da época.

    Os curtas-metragens de Disney – muitos deles pertencentes à famosa série animada “Silly Symphonies” – logo invadiriam os cinemas brasileiros, como “Os três porquinhos”, de 1933. Ari Machado pegou o mote da canção famosa – “Quem tem medo do lobo mau, do lobo mau, do lobo mau?” – e o utilizou em “Lobo mau”, marcha gravada pelo Bando da Lua em 1936. O compositor acabou confundindo os predadores: sua letra não fala nos porquinhos, mas sim em Chapeuzinho Vermelho. Ou, quem sabe, ele não estaria sugerindo que o lobo de ambos os contos fosse o mesmo? (Décadas mais tarde, Bill Willingham, autor da premiada série de quadrinhos “Fábulas”, iniciada em 2002, iria abraçar essa teoria).

    O público não demorou a cair de amores por aqueles personagens tão carismáticos: Mickey, Minnie, “Plutão” – o nome do cachorro Pluto era muitas vezes traduzido ao pé da letra –, Pateta, Donald e toda a turma. A admiração cresceu ainda mais com a exibição, em 1938, do primeiro desenho em longa-metragem da história: “Branca de Neve e os sete anões” – hoje em dia, esse título certamente seria repensado.

    A película trazia uma novidade no Brasil: a dublagem em nosso idioma, a cargo de personalidades famosas da música e do rádio. Branca de Neve ganhou a voz de Dalva de Oliveira, mas apenas na parte falada: o canto ficou por conta de Maria Clara. Carlos Galhardo personificou o Príncipe Encantado; Cordélia Ferreira, a rainha; Almirante, o espelho mágico e Mestre. As canções ganharam versões em português do compositor João de Barro, também responsável pela direção de dublagem.

    “Este filme de Walt Disney lhe daria a ideia para a produção e lançamento em discos, tempos depois, das historinhas infantis (...)”, revelou o biógrafo de João de Barro, Jairo Severiano, em “Yes, nós temos Braguinha” (Funarte/Instituto Nacional de Música, 1987). “A primeira delas foi ‘Branca de Neve’, gravada em meados dos anos 40, quando ele já dirigia a Continental. Nessa edição foram usadas as mesmas canções e os principais artistas da versão cinematográfica”, completa Jairo. De fato, somente em 1945 pôde-se escutar a voz de Dalva cantando as músicas do filme, ao lado do príncipe Galhardo, do grupo Os Trovadores e do Elenco Continental. Na playlist abaixo, mostramos o primeiro dos quatro lados dos dois discos de “Branca de Neve e os sete anões”.

    A princesa já havia sido cantada em 1939 pelo Trio de Ouro (Herivelto Martins, a própria Dalva e Nilo Chagas) na marcha “Branca de Neve”, de Benedito Lacerda e Herivelto, e inspiraria um choro de Roberto Ferri em 1955, uma valsa de José dos Reis em 1957 e, junto com Ali Babá, uma marcha em 1963. Outros personagens da Disney acabariam ganhando homenagens dos autores da nossa música popular. Como Ferdinando, protagonista de um curta-metragem – vencedor de um Oscar nessa categoria – que chegaria às telas do Brasil em 1939 (e seria refilmado em 2017 pelo brasileiro Carlos Saldanha). O touro sensível e pacífico que só queria saber de cheirar flores e fugir de touradas deu as caras em duas marchas de 1939, “Mamãe, eu vi um touro” e “Ferdinando”, e no frevo “Vamos começar de novo”, lançado em 1940.

    “Depois de Ferdinando... O patinho feio em technicolor”, anunciava o Cine-Radio Jornal em 07/12/1939. Já então os estúdios Disney contabilizavam dezenas de curtas-metragens, a maioria deles exibida nos principais cinemas brasileiros. A pequena ave que descobre ser um cisne – isso ainda seria um spoiler? – demoraria duas décadas para virar música: o samba bossa-nova “Patinho feio”, de Oscar Castro Neves e Dolores Duran (falecida no ano anterior), que Laís levou ao disco apenas em 1960.

    Já o tema principal do segundo longa de Disney, “Pinóquio” (1940), “When you wish upon a star” – que viraria a assinatura musical dos estúdios Disney –, imediatamente receberia uma versão em português de Zacharias Yaconelli, gravada quase simultaneamente em 1940 por Orlando Silva e Cândido Botelho: “Quando se pede a uma estrela”. O aspirante a menino de verdade ganharia uma marcha em 1951, “Pinóquio” – aqui Gepeto é substituído por “seu Nicolau” – e uma adaptação feita por Paulo Soledade, encenada pelo Elenco Continental em 1954.

    O sucesso retumbante de Carmen Miranda nos Estados Unidos reverberou por aqui com intensidade. Em julho de 1941 – um mês antes da vinda de Disney –, Alvarenga e Ranchinho gravaram o samba-jongo “Baiana em Hollywood”, onde a artista brasileira – sim, nascida em Portugal, mas brasileiríssima – oferecia os quitutes de seu tabuleiro a personalidades do cinema: Greta Garbo, Clark Gable, Popeye e pato Donald. O disco chegou às lojas em agosto de 1941, mesmo mês em que o criador do pato mais enfezado do mundo desembarcava em nossa terra, já então amado pelos brasileiros. Ele também trazia o Brasil em seus pensamentos... mas por motivos mais profissionais do que afetivos.

    Hollywood havia aderido à Política da Boa Vizinhança instituída em 1933 pelo presidente Roosevelt: uma tentativa de se conseguir a subserviência dos países vizinhos não pelo intervencionismo, mas pela dominação cultural. Durante a Segunda Guerra (1939-1945), tornou-se fundamental conquistar o apoio de países como o Brasil – cujo presidente, Getúlio Vargas, nutria grande simpatia pelo Eixo nazi-fascista.

    Disney, convencido pelo diretor do Escritório de Coordenação de Assuntos Interamericanos, Nelson Rockefeller, a viajar pela América Latina, pode até tê-lo feito a contragosto. Mas, ao chegar aqui – com a mulher, Lilian Bounds, e integrantes de sua equipe –, cumpriu seu papel de maneira exemplar: os jornais da época são praticamente unânimes em apontar seu bom humor, sua cordialidade, sua solicitude, sua simpatia, o bom trato com os jornalistas, o contato com os fãs... “Walt Disney conquistou o Rio!”, exclamava a revista Carioca de 23/08/1941.

    Seria preciso um livro inteiro para narrar tudo o que se passou nas semanas em que ele esteve em solo carioca – com direito a uma passada por São Paulo. Jantou no Cassino da Urca; foi entrevistado por Vinicius de Moraes (que publicou o bate-papo em sua coluna de 21/08/1941 do jornal A Manhã); visitou a Associação Brasileira de Imprensa, o Palácio Tiradentes e a escola de samba Portela; autografou exemplares do álbum de desenhos do filme “Fantasia” para serem leiloados na estreia do longa, dia 23/08, no Cinema Pathé (com renda revertida para a Cidade das Meninas, projeto da primeira-dama do Brasil, Darcy Vargas); discursou na Rádio Mayrink Veiga; encontrou-se com o ministro da Educação, Gustavo Capanema, com o presidente Vargas, com Villa-Lobos e com Ary Barroso; recebeu do governo a Ordem do Cruzeiro do Sul; e fez alguns esboços...

    Ary Barroso, Walt Disney, a poetisa Adalgisa Nery e o ministro da propaganda de Getúlio Vargas, Lourival Fontes.
    Foto: Coleção José Ramos Tinhorão/IMS

    “Durante sua estada no Rio, em seu QG no Copacabana Palace, Disney fora vastamente informado sobre a importância do papagaio na psique do homem brasileiro”, explica Ruy Castro em “Carmen: uma biografia” (Companhia das Letras, 2005). Segundo Castro, “Disney ficou sabendo como o brasileiro, digo, o papagaio, podia ser pobre, folgado, preguiçoso, vagabundo e sem caráter, mas era esperto, feliz, sabia se virar e aprendia tudo com facilidade, inclusive a enrolar os gringos”. Dessa sucessão de clichês nasceu um dos seus personagens mais amados e discutidos.

    Inspirado em elementos gráficos usados pelos cartunistas Luiz Sá e J. Carlos, com a indumentária do Dr. Jacarandá (o advogado alagoano Manuel Vicente Alves, tipo folclórico das ruas do Rio), feições que lembravam as de Herivelto Martins e movimentos copiados do violonista José do Patrocínio Oliveira, o Zezinho do Banjo (que no futuro chegaria a tocar com o Bando da Lua), surgiu Zé Carioca. O personagem estreou – com a voz do próprio Zezinho Oliveira, que curiosamente era paulista, nascido em Jundiaí – no filme “Alô, amigos” (1942), ao som do “Tico-tico no fubá” e da “Aquarela do Brasil” cantada por Aloysio de Oliveira. Este número abriria as portas estadunidenses para Ary Barroso.

    “Na Baixa do Sapateiro”, entoado por Nestor Amaral, e “Os quindins de iaiá”, cantado por Aurora Miranda e por Donald, foram os sambas de Ary mostrados em “Você já foi à Bahia?” (1944) – além, claro, da música-título de Dorival Caymmi –, na segunda aparição cinematográfica de Zé Carioca. E a primeira de outra ave brasileira criada pelos estúdios Disney: o doidinho Aracuã, também dublado por Zezinho Oliveira. Ele, Donald e Zé aprontariam todas ao som do órgão de Ethel Smith no segmento “A culpa é do samba”, de “Tempo de melodia” (1948). Bem mais tarde, o Aracuã se tornaria o Folião das histórias da Pata Lee – que no Brasil recebeu esse nome em homenagem à nossa roqueira-mor, Rita Lee.

    Zezinho Oliveira, o Zezinho do Banjo, a voz brasileira do Zé Carioca.
    Foto: Coleção José Ramos Tinhorão / IMS

    O carismático “Zé Carioca”, astro do cinema e dos quadrinhos – onde apronta todas com a sua turma da Vila Xurupita –, passeou com a mesma desenvoltura pela discografia brasileira, virando tema de uma marcha de Ari Monteiro gravada por Carlos Galhardo em 1942, de um samba de Armando Cavalcanti e Klécius Caldas que Linda Batista registrou em 1952 – aqui ele é retratado não como o personagem de Disney, mas como um malandro do Rio –, de um fox de Jaime Silva e Neuza Teixeira (mesma dupla de “O pato”) interpretado em 1963 por Neusa Maria e até de um frevo de Geraldo Medeiros, levado ao disco em 1949 pela Orquestra Tabajara de Severino Araújo.

    A passagem de Disney pelas Américas rendeu um documentário em cores, “South of the border with Disney” (1942). O Rio de Janeiro aparece logo no início – e, aos 2 minutos, vê-se uma raríssima imagem de Villa-Lobos regendo uma de suas espetaculares concentrações orfeônicas! Aos 5 minutos, lá está Joe Carioca – em cartum e em pessoa, ou melhor, em ave, com penas e bico. “Um filme pouco conhecido de Disney foi o ‘The Amazon awakens’ (A Amazônia acorda), feito em 1944, que parece nunca ter sido exibido aqui”, revela Antonio Pedro Tota no livro “O amigo americano: Nelson Rockefeller e o Brasil” (Companhia das Letras, 2014). Mistura de filme e animação, trazia, por volta dos 32 minutos, um trecho do “Tico-tico no fubá” – a mesma versão mostrada em “Alô, amigos”. O esquecido filme “educacional” de Disney pode hoje ser assistido no YouTube.

    O “Desenho animado” havia mesmo virado coqueluche no Brasil. Em 1940, Antenógenes Silva gravou uma polca com esse nome; e os personagens de Disney desfilaram em 1945 numa marcha homônima de Francisco Malfitano interpretada por Caco Velho, que convidava vários deles para conhecer o nosso Carnaval: “o pato” (Donald), “Plutão”, Branca de Neve (e “também um anão”), o camondongo (Mickey) – “fantasiado de Pinóquio, pra ninguém ‘lhe conhecer’ (sic)” – e o touro Ferdinando.

    “Cinderela” estreou no Brasil em maio de 1950 e o Bando da Lua – de Aloysio de Oliveira, que no início da década de 1940 chegara a trabalhar para Disney – logo apareceu com uma versão sambada de “Bibbidi-bobbidi-boo (A canção mágica)”, carro-chefe da fada-madrinha da protagonista. O disco do grupo brasileiro com essa gravação seria eleito pela revista estadunidense Record Reviews o melhor do mês de julho de 1950, como conta Ruy Castro na sua biografia de Carmen Miranda. Entre nós, a “Gata borralheira” ganharia, em 1955, um samba para chamar de seu, na voz de Orlando Ribeiro. Joel de Andrade lançaria um samba homônimo em 1962 – mas, neste caso, a gata borralheira em questão é uma felina de verdade.

    A princesa “Cinderela” foi mesmo bastante cantada em nossa terra: por Nilton Paz, num samba-canção de 1959; pelo radialista Luiz de Carvalho no mesmo ano (numa marcha de Wilson Batista e parceiros); por Moreira da Silva – saudoso da “Cinderela em negativo” que conhecera numa gafieira –; por Demetrius e Carlos Ely, ambos intérpretes do mesmo rock-calipso de Paul Anka, o primeiro em inglês e o segundo em português; e por Ieda Maria, em 1963, num rasqueado de Paulo Borges (autor do clássico “Cabecinha no ombro”). O conto foi representado em disco pelo Elenco Continental em 1950 e pelo Elenco Rádio Teatral em 1951.

    O primeiro, que levara ao acetato em 1945 a precursora “Branca de Neve”, também deixaria registradas em 78 rotações nos anos 1950 outras tramas cinematográficas de Disney, como as antigas “História dos três porquinhos” – que aqui não se chamavam Prático, Heitor e Cícero, mas sim Bolinha, Bolota e Bolão – e “Pinóquio”, encenadas pelo grupo respectivamente em 1953 e 1954. Em 1951, o mesmo Elenco Continental mostrou ao público (mais uma vez numa adaptação de João de Barro) as peripécias de “Alice no País das Maravilhas”, que chegara à tela naquele ano. A canção-tema da famosa personagem de Lewis Carroll receberia, em 1952, um belo arranjo nas vozes dos trios Madrigal e Melodia.

    A trupe do Elenco Rádio Teatral, que faria em 1954 a sua própria versão para “Branca de Neve”, em 1953 deu um pulo à Terra do Nunca para visitar “Peter Pan”, cuja estreia cinematográfica no Brasil se deu em abril daquele ano. O menino que não queria crescer foi homenageado com um choro por Sylvio Mazzuca, que o lançou com sua orquestra em 1954.

    Tanto Artur Castro, numa modinha de 1910, quando Odete Amaral e os Diabos do Céu em 1938, num samba de Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti, já haviam levado aos 78 rotações a triste sina de uma certa princesa amaldiçoada. Também o Elenco Rádio Teatral contara sua história em 1952. Mas a versão de Disney para “A bela adormecida” chegou aos cinemas apenas em 1959. Três anos depois, Silvio Aleixo despertava a princesa Aurora não com um beijo, mas com a “Balada da bela adormecida”.

    Walt Disney não produziu apenas desenhos animados: também levou à telona muitos filmes. Um deles foi “Vinte mil léguas submarinas”, de 1954, com música de Paul J. Smith. A encenação em 78 rotações se deu no Brasil dois anos depois, pelas vozes do elenco da Rádio Nacional e a instrumentação da orquestra de Radamés Gnattali. Curiosidade: no selo do disco, aparece como autor o próprio Walt Disney.

    Ele não fazia música, mas trabalhava com ótimos compositores, como os irmãos Robert e Richard Sherman, que criaram em 1962 a canção que acabaria se tornando um hino da própria Disneylândia: “It’s a small world (After all)”, chamada aqui no Brasil de “Pequeno mundo”, com a letra em português de Rogério Cardoso – ele mesmo, o Rolando Lero da Escolinha do Professor Raimundo! – estreada em disco por Moacyr Franco e seu filho, Guto.

    Disney talvez não tenha tomado conhecimento da bela homenagem que os italianos Antonio Virgilo Savona e Giovanni Giacobetti, integrantes do Quartetto Cetra, fizeram a ele: “Papà Walt Disney”, que o próprio grupo gravou em 1959. Sidney Morais (Sidney do Espírito Santo) se encarregou da versão brasileira, eternizada pelo Conjunto Farroupilha em 1962: “Papai Walt Disney”. O rock-balada começava com trechos de conhecidas melodias dos desenhos animados, lembrava com saudade de personagens antigos e imaginava alguns deles numa hipotética festa de casamento da Dama com o Vagabundo – com direito a um (impensável nos dias de hoje) “Pateta de pileque”, “sorrindo sem parar”!

    O Disneyland Park original foi inaugurado em julho de 1955 pelo próprio Walt Disney, que no entanto não viveu para ver terminado seu Disney World, sonhado por ele e aberto para o público apenas em outubro de 1971, com um discurso do irmão Roy. O Brasil é um dos países que mais enviam turistas para a terra do Mickey e das princesas. Geralmente são todos muito bem recebidos – à exceção de Baby Consuelo e Pepeu Gomes, que em 1984, foram “Barrados na Disneylândia” por infringirem uma norma do parque: os dois estavam com roupas e cabelos super coloridos, tirando a atenção dos brinquedos do lugar...

    Imagem: Capa do disco "Alô, amigos" / Reprodução da internet

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