DISCOGRAFIA BRASILEIRA – OS PIONEIROS
É com grande alegria que o Instituto Moreira Salles lança o primeiro volume da série Discografia Brasileira – Os Pioneiros, obra inédita e fundamental para a compreensão da história da fonografia no Brasil, fruto da pesquisa desenvolvida por Sandor Buys no âmbito do programa de pesquisa em Música do IMS.
A Discografia Brasileira em 78 rotações é prioridade para o acervo de Música do IMS, desde que foi criado, no ano 2000. As coleções de Humberto Franceschi e de José Ramos Tinhorão, adquiridas logo nos primeiros anos de formação desse acervo, foram a pedra fundamental de um conjunto que hoje ultrapassa os 50 mil discos.
A partir de 2010, com o acervo de Música reunido no IMS Rio e com a montagem de um estúdio de som especialmente projetado, as tarefas de organização, pesquisa, catalogação e digitalização de discos passaram a ser feitas internamente, o que representou um importante avanço para a área. Em 2015, mais um grande passo foi dado: Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, coautor da monumental Discografia Brasileira 78 rpm (1902-1964) (Funarte, 1982) e um dos maiores especialistas no assunto, foi contratado como consultor, compartilhando o banco de dados que criou e alimentou por anos, desde a publicação da Funarte, assim como seus extraordinários conhecimentos.
O portal Discografia Brasileira, objetivo maior de todo esse processo, lançado em 2019, tornou acessíveis, para pesquisa e audição online, as gravações em 78 rpm e os dados a elas associados. Com mais de 35 mil discos catalogados, cerca de 63 mil fonogramas, dos quais 47 mil têm áudios disponíveis, o site cresce permanentemente, sempre alimentado com novas informações e novos registros, provenientes de nossas coleções ou enviados por colecionadores particulares, parceiros de primeira hora que fazem preciosas contribuições.
O maior desafio, porém, é a produção do período inicial de nossa indústria fonográfica, a chamada “fase mecânica”. A gravação elétrica, adotada no Brasil a partir de 1927, representou um salto de qualidade sonora muito expressivo, que fez com que os discos mecânicos fossem sendo preteridos, esquecidos e até mesmo descartados. No entanto, eles contêm gravações de valor inestimável, que registram o repertório e as formas de interpretar praticados ainda no século XIX e nos primeiros anos do século XX, período de fixação dos gêneros formadores de nossa identidade musical. Seus rótulos, as inscrições na cera das matrizes e as locuções que precedem a execução das músicas guardam também informações relevantes sobre essa produção.
O projeto Discografia Brasileira – Os Pioneiros, lançado agora e capitaneado pelo pesquisador Sandor Buys, nasceu da necessidade de mapear esse conjunto, encontrar os discos remanescentes, preservar e divulgar seu conteúdo. Buys há anos dedica-se ao assunto com o método e o rigor científico necessários, num trabalho que se assemelha ao de um arqueólogo, fazendo importantes descobertas.
A escolha dos Discos Phoenix para ser o primeiro volume justifica-se por suas ligações históricas tanto com a pioneira Casa Edison do Rio de Janeiro, de Fred Figner, quanto com a Casa A Electrica, de Saverio Leonetti, o que permite traçar um panorama bem detalhado das forças que interagiam na época. Na sequência, virão os volumes dedicados à Casa Faulhaber, aos Discos Brazil, Popular e Brazilphone, à Casa A Electrica, à Casa Edison do Rio de Janeiro e, por último, aos selos americanos Victor e Columbia. Os livros estarão disponíveis para download gratuito no site Discografia Brasileira, conforme forem publicados.
Com o projeto Discografia Brasileira – Os Pioneiros, o IMS espera contribuir para lançar luz sobre esse período em que a música brasileira deu os primeiros sinais do que viria a ser no futuro.