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    Nirez, 90 anos – parte 1: relíquias e curiosidades de um acervo que preserva parte da história musical e cultural do Brasil

    Fernando Krieger

    “Rapaz, eu não sou de atualidades. Eu sou de velhidades!”. O depoimento dado a Wilson Seraine para o livro “Nirez: o homem de cera” (IMEPH, 2018) mostra muito da personalidade e do humor de um dos maiores pesquisadores e colecionadores de música e de objetos que remetem à história do nosso país. Seu vastíssimo acervo, iniciado há 66 anos, possui mais de 140 mil peças, com cerca de 22 mil discos de 78 rotações, contabilizando aproximadamente 40 mil fonogramas – que, juntamente com os áudios pertencentes ao Instituto Moreira Salles, com destaque para as coleções de Humberto Franceschi, José Ramos Tinhorão e Leon Barg, integram a grande base de dados disponibilizada para pesquisa na página Discografia Brasileira, inaugurada em novembro de 2019.

    Um dos autores dos cinco volumes do catálogo “Discografia Brasileira em 78 rpm (1902-1964)” – obra fundamental editada pela Funarte em 1982 –, ao lado de Jairo Severiano, Grácio Guerreiro Barbalho e Alcino de Oliveira Santos, o jornalista e radialista cearense Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, completa em 15 de maio noventa anos muito bem vividos, boa parte deles devotados à preservação e à divulgação da nossa música popular. Em sua homenagem, o site Discografia Brasileira inaugura hoje uma série de três postagens que abordarão diferentes aspectos de sua vida e obra. Nas duas próximas, Pedro Paulo Malta escreverá sobre o seu cotidiano – Nirez continua super ativo, longe de se aposentar – e Sandor Buys trará uma entrevista com o aniversariante em pessoa.

    Abrindo a série, viajaremos até a sua surpreendente casa-museu, no bairro Rodolfo Teófilo, em Fortaleza – que tive a alegria de visitar a trabalho na semana de 9 a 13 de novembro de 2015, ano em que se iniciou a parceria de Nirez com o IMS –, e passearemos por algumas das preciosidades lá existentes. O Arquivo Nirez começou a ser formado em 1958 pelo pesquisador em sua própria casa. Contém milhares de itens, entre os quais discos – especialmente os de 78 rotações –, cilindros (as primeiras mídias sonoras do mundo), livros, revistas, fotografias, aparelhos de som, máquinas fotográficas, projetores, microfones... Muitos deles não necessariamente relacionados ao universo musical, mas que ajudam a contar a história do Século 20 em nosso país.

    O local passou por uma grande reforma em 2016. Mais tarde, durante a pandemia, os itens do museu foram reagrupados e cada conjunto ganhou uma sala específica: uma para a discoteca, outra para a Biblioteca Otacílio de Azevedo – inaugurada em 13/02/2009, ela homenageia o escritor, poeta, fotógrafo e pintor Otacílio Ferreira de Azevedo (Redenção, CE, 11/02/1892 – Fortaleza, 03/04/1978), pai de Nirez e membro da Academia Cearense de Letras –, outra para os rádios e as televisões, mais uma para os gravadores, uma sala para os gramofones e as vitrolas, um corredor para as máquinas fotográficas e filmadoras... Tudo isso sem nenhuma ajuda oficial, como conta a bibliotecária Terezinha de Azevedo, filha de Nirez e uma das suas ajudantes na preservação e na manutenção do espaço.

    “Quem chegar aqui vira voluntário. A casa se mistura com o museu, por mais que busquemos separar”, explica ela, que conta com a colaboração inestimável de familiares que tomam para si a tarefa de ajudar na organização e no bom funcionamento da casa-museu, como Mário de Azevedo e a querida Heliomar Moreira (que os parentes chamam de Dodô), respectivamente filho e sobrinha de Nirez. “O Mário é o recepcionista e secretário para assuntos aleatórios. A Hely é a faz-tudo da casa, mas ajuda no museu por gosto”. A própria Terezinha, bibliotecária de profissão, revela: “Eu nem sei mais o que sou! Era a bibliotecária voluntária, virei assistente, sócia, motorista, responsável pela parte financeira, organizo agenda (...) e algumas coisinhas mais”.

    No acervo há um sem-número de antiguidades, como câmeras fotográficas (a fotografia era uma das atividades do pai de Nirez), inclusive uma do tipo lambe-lambe, e aparelhos de telefone com fio, muitos deles com disco rotatório – deles se originariam os termos “discar” e “discagem”, relativos a chamadas telefônicas. Lá encontram-se diversas categorias de máquinas datilográficas manuais – também conhecidas como máquinas de escrever ou máquinas de datilografia –; antigos microfones, um deles da gravadora RCA; um lampião a gás; e até mesmo um taxímetro da marca Capelinha (o mais famoso), utilizado pelos táxis até o final da década de 1980, quando começaram a surgir os primeiros modelos digitais.

    Preciosidades da casa-museu: um taxímetro Capelinha, a estante dos discos de 78 rpm (com relíquias à frente) e máquinas de escrever / Fotos de Fernando Krieger 

    Numa estante estão dezenas de fitas cassete com depoimentos de personalidades diversas: Pixinguinha, Nássara, Marlene, Paraguassu, Patativa do Assaré, Pedro Caetano, Paulo Tapajós... Noutra, encontram-se os troféus e premiações recebidos por Nirez em sua trajetória profissional. Do acervo faz parte um belo quadro pintado em 1983 pelo compositor Alcyr Pires Vermelho. Dentre os encadernados, há preciosidades como catálogos antigos de gravadoras e dois álbuns com registros de gravações da Victor (de 1929 a 1932 e de 1933 a 1939) que podem ser pesquisados no site do IMS na internet.

    Uma das raridades que Nirez possui é o álbum “A hollandeza”, produzido em 1934 pela fábrica de balas de mesmo nome. Este foi o primeiro álbum de figurinhas comercializado no Brasil, conforme anunciado no dia 18 de dezembro daquele ano em periódicos como A Noite, Diário Carioca, Diário de Notícias e Correio da Manhã. O sucesso foi tanto que a empresa lançou o segundo álbum no ano seguinte. Nirez tem dois exemplares do primeiro, um deles quase completo, faltando apenas uma figurinha. Outro álbum raro de sua coleção é o que traz as famosas estampas distribuídas como brinde nas caixas dos sabonetes Eucalol.

    Curiosidades da casa-museu: o primeiro álbum de figurinhas do Brasil, lançado pela fábrica de balas A Hollandeza / Fotos de Fernando Krieger

    O disco-labirinto é um dos objetos mais curiosos do Arquivo Nirez. Cada face deste disco de 78 rotações possui três músicas gravadas. Mas não na forma de pot-pourri, uma após a outra: são três músicas independentes, cada uma delas com duração bem curta (pouco mais de um minuto) e começando em um ponto diferente do acetato. Ou seja, as três faixas correm em espirais paralelas na superfície do disco – se a vitrola sofrer um esbarrão, a agulha pula de uma música para outra.

    O exemplar que Nirez guarda em seu acervo (Victor 22745) traz em seu rótulo pouquíssimos dados em português, segundo os quais aquele seria um “disco labyrintho” contendo três músicas diferentes, com uma indagação: “poderão ser encontradas?”. Abaixo da pergunta, lê-se “Orquestra de Novidades”. Na página 5 do jornal O Globo de 27/10/1931 foi publicado um anúncio deste mesmo disco, também sem maiores informações, a não ser o número de série e o nome do conjunto.

    No YouTube há dois vídeos (aqui e aqui) onde pode-se ver o objeto em ação. Em ambos, é utilizado o disco-labirinto original, cujo rótulo em inglês informa que o puzzle record, gravado na Europa, traz músicas executadas pela Novelty Orchestra. A escassez de explicações sobre este item na internet, mais o fato de que ambos os vídeos foram feitos utilizando-se exemplares diferentes do mesmo Victor 22745, leva a crer que este talvez tenha sido o único disco-labirinto prensado e comercializado até hoje, o que torna o item existente no Arquivo Nirez (com rótulo impresso em português) uma peça singular e um dos discos mais raros de sua coleção.

    Já que entramos no universo da música e da indústria fonográfica, há no Arquivo Nirez incontáveis objetos que remetem a estes temas; difícil apontar quais seriam os mais preciosos. Certamente teriam que constar desta lista os cilindros – que, como já dito, foram as primeiras mídias a captar sons, anteriores aos discos – e as bolachinhas da gravadora Edison. Não aquelas famosas da Casa Edison do Rio de Janeiro, mas as editadas pela gravadora do próprio Thomas Alva Edison! Poderiam constar ainda diversos aparelhos sonoros do início do século passado – vários deles ainda funcionam perfeitamente. Para se entender a importância desta coleção, é preciso fazer uma pequena viagem ao passado, mais especificamente ao fim do Século 19 e ao início do 20.

    Raridades da casa-museu: uma madre de prata e um disco da Edison Records / Fotos de Fernando Krieger

    Nirez possui um fonógrafo original de Edison, com o número de série impresso na placa. O fonógrafo (literalmente “escritor de sons”), inventado em 1877 pelo empresário estadunidense Thomas Edison – que também criou o cinematógrafo e a lâmpada elétrica incandescente e aperfeiçoou o telefone e a máquina de escrever –, tornou-se o primeiro objeto capaz de gravar sons – armazenados em um (olha ele aqui!) cilindro giratório fixo – e reproduzi-los. Segundo Humberto Franceschi, no livro “Registro sonoro por meios mecânicos no Brasil” (Studio HMF, 1984), após causar impacto num primeiro momento, o interesse pela novidade decaiu bastante, “devido à má qualidade de reprodução dos sons e da quase impossibilidade de manter velocidade constante e regular num aparelho acionado manualmente por meio de uma manivela”.

    Mesmo assim, causou espanto a sua apresentação aos brasileiros em meados de 1878. De acordo com Franceschi, a invenção foi mostrada durante uma das Conferências da Glória – “conferências pedagógicas sobre assuntos de interesse público” –, no Rio de Janeiro. Na ocasião, os cariocas tomaram conhecimento de algumas novidades, entre elas o telefone, o microfone e o fonógrafo.

    Depois veio o grafofone, um fonógrafo aprimorado, concebido em 1881 pelos primos Alexander Graham-Bell e Chichester Bell. Quatro anos depois, Chichester e Charles Sumner Tainter criaram o cilindro removível, revolucionando o processo de gravação. Somente em 1886 Thomas Edison voltaria a trabalhar no seu invento, que passaria enfim a ser comercializado, dando lucros já no final daquela década. No Brasil, os primeiros aparelhos importados para venda chegaram em 1897, ano em que também se iniciaram as gravações comerciais de cilindros em nossa terra.

    Como informa José Ramos Tinhorão em “Música popular: do gramofone ao rádio e TV” (Ática, 1981), os artistas que inauguraram a gravação em cilindros no Brasil, em 1897, foram os cantores Cadete e Bahiano e a Banda do Corpo de Bombeiros, dirigida por Anacleto de Medeiros. O primeiro catálogo publicado no Brasil contendo uma relação de músicas em cilindros data de 1900, de acordo com Franceschi. Seu editor foi Fred Figner, comerciante tcheco radicado no Brasil, responsável por iniciar a venda de fonógrafos no país e fundador, em 1900, da famosa Casa Edison, a pioneira casa gravadora na América do Sul, sediada no Rio de Janeiro.

    Apesar de os catálogos publicados nesse período registrarem um número estratosférico de cilindros comercializados no Brasil – por aqui eles foram vendidos, como informa Franceschi em “A Casa Edison e seu tempo” (Sarapuí, 2002), até pelo menos a segunda década do Século 20 –, hoje em dia restam poucos exemplares, basicamente nas mãos de instituições culturais e de colecionadores particulares, como Nirez e Tinhorão (há apenas um item em seu acervo no IMS). Por essa razão ele é considerado um artefato tão raro.

    Vídeo : Nirez e um leitor de cilindros fonográficos em funcionamento / Imagens de Fernando Krieger 

    O cilindro viria a ser substituído pelos discos planos de goma-laca, criados em 1887 pelo alemão Emil Berliner, também inventor do gramofone, aparelho que reproduzia estes discos. A partir de 1895, tanto o gramofone quanto os discos começaram a ser comercializados nos Estados Unidos, passando a tomar conta do mercado: o primeiro gramofone chegaria em 1900 ao Brasil e a indústria fonográfica de 76 e 78 rotações existiria por aqui em duas fases: a das gravações mecânicas (iniciada em 1902) e elétricas (a partir de 1927 até 1964).

    A fábrica de Thomas Edison também comercializaria discos, mas eram objetos especiais, de espessura mais grossa e que só podiam ser reproduzidos em aparelhos específicos: fonógrafos adaptados pelo próprio Edison – que não obteria sucesso nessa empreitada, já que o gramofone e os discos de 78 rotações acabariam se tornando os padrões no ramo da indústria fonográfica. O Arquivo Nirez, como já observado, possui dois raros exemplares de discos fabricados pela Edison Records. Um deles traz a gravação de “Kamenoi ostrow”, de Anton Rubinstein, por orquestra não identificada; no segundo está o registro de “Take your to-morrow (And give me to-day)”, de Andy Razaf e J. C. Johnson, pelos Piccadilly Players – um exemplar idêntico deste último encontra-se guardado na Coleção José Ramos Tinhorão do IMS.

    Todo esse período de desenvolvimento tecnológico e do surgimento de novas mídias sonoras para gravação e reprodução, compreendido na virada do Século 19 para o 20, encontra guarida no Arquivo Nirez: lá estão, além de cilindros e do fonógrafo original de Edison, um leitor de cilindros, seis gramofones – Nirez também guarda muitas peças avulsas do aparelho –, sendo um deles um Victor Talking Machine de 1903, e uma vitrola portátil desmontável, da tradicional marca suíça Thorens (igual à que se encontra no Acervo Elizeth Cardoso do IMS), acionada manualmente por manivela. Este objeto havia ficado muitos anos sem “trabalhar” e, por conta da visita que fiz ao acervo em 2015, foi montado por Nirez para uma demonstração – e funcionou como se fosse novo!

    Vídeo : uma vitrola portátil em funcionamento / Imagens de Fernando Krieger 

    Há também raríssimas matrizes e madres de prata, a partir das quais eram prensados para comercialização os discos de 78 rotações. No YouTube, há um vídeo feito numa fábrica da RCA Victor nos Estados Unidos em 1942 mostrando todo o processo de feitura, desde a gravação do disco de prova até a prensagem e posterior distribuição, passando pela confecção das matrizes e madres de prata. Cujo destino no Brasil foi, segundo Franceschi, trágico. Em palestra no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 15/04/2008, o pesquisador revelou que, no que diz respeito ao material pertencente à Odeon, praticamente todas as matrizes e madres foram vendidas e derretidas. O mesmo teria acontecido com as de outras gravadoras. Os únicos exemplares ainda existentes encontram-se em coleções particulares, como as de Nirez e Tinhorão.

    Em 21 de junho de 1948, a Columbia Records mostrou em público pela primeira vez o disco de vinil – conhecido como long-playing – no Hotel Waldorf-Astoria, em Nova York. Os primeiros LPs tinham 10 polegadas, depois aumentaram de tamanho (12 polegadas) e duração. O vinil acabou por substituir o disco de 78 rpm, que deixou de existir na década de 1960 (no Brasil, os últimos exemplares foram fabricados em 1964). Graças aos acervos essenciais de colecionadores como Nirez, Tinhorão, Franceschi, Leon Barg e outros, o IMS pode disponibilizar as gravações em 76 e 78 rotações – registros importantíssimos da nossa então nascente música popular – através da página Discografia Brasileira na internet.

    Nirez, além de pesquisador e colecionador de itens que remetem ao passado da música popular e mesmo da história de nosso país, é um guardião da memória do seu estado natal. Autor de três publicações sobre o tema – “O balanceio de Lauro Maia” (1991), sobre o compositor cearense, “Fortaleza de ontem e de hoje” (1991) e “Cronologia ilustrada de Fortaleza” (2001) –, preserva em seu arquivo livros, revistas, fotografias e objetos que ajudam a contar a história do Ceará.

    Duas cadeiras vermelhas de cinema chamam a atenção dos visitantes do local. São assentos originais do Cine-Teatro São Luiz, cuja construção teve início em 1939, mas que foi inaugurado em Fortaleza somente em março de 1958, com a exibição, para autoridades, do filme “Suplício de uma saudade” (de 1955), e logo depois, para o público em geral, da película “Anastasia, a princesa esquecida” (de 1956). Segundo Nirez, o azar do São Luiz foi que, dois anos depois de sua inauguração, surgiu a TV Ceará (fundada em novembro de 1960), filial da Rede Tupi, que num curto espaço de tempo acabou por tirar o público do cinema. O colecionador guarda em seu acervo um equipamento da extinta estação de TV (canal 2), que fechou as portas em 1980 – a emissora que atualmente usa o nome TV Ceará (canal 5) surgiu em 1974 como TV Educativa do Ceará.

    Variedades da casa-museu: equipamentos de rádio e TV, as estantes com as pastas que guardam o acervo fotográfico, a coleção de álbuns do rádio e duas poltronas do Cine-Teatro São Luiz (servindo de descanso para a gata Pretinha) / Fotos de Fernando Krieger

    Sua coleção de cerca de 27 mil fotografias – acondicionadas em dezenas de pastas coloridas –, todas elas digitalizadas, contém registros raros não só da cidade de Fortaleza, mas também de personalidades do meio artístico nascidas no estado, bem como de conjuntos cujos integrantes eram naturais do Ceará, como Quatro Ases e Um Coringa, Vocalistas Tropicais, Vocalistas Orientais, Trio Nagô etc. Na sala principal do Arquivo Nirez, fotografias de conterrâneos ilustres ficam expostas na parte superior das estantes, em painéis que tomam todo o ambiente e que, quando removidos, revelam por detrás deles inúmeros periódicos, muitos acondicionados em coleções encadernadas. Integram ainda esta memorabilia afetiva as partituras impressas de compositores cearenses.

    Há diversos vídeos no YouTube onde Nirez fala sobre o seu acervo e mostra itens raros e curiosos. Num desses depoimentos, gravado para o primeiro episódio da Série Colecionadores, produzida pela TV Assembleia do Ceará, o pesquisador define, com precisão e bom humor, o seu papel na preservação da memória da música e – por que não? – da própria história do Brasil: “Nós aqui só não colecionamos selo nem moeda. Não somos numismata nem filatelista. Mas o resto que você pensar, nós colecionamos”.

    Na foto principal, Nirez com relíquias do acervo: um gramofone, o fonógrafo de Edison, um lampião a gás e um leitor de cilindros / Foto: Fernando Krieger